segunda-feira, 25 de maio de 2015

O Brasil se especializou em reproduzir desigualdades



A guerra civil que toma conta do nosso país é um reflexo da reprodução de desigualdades. Uma especialidade em que o Brasil acabou se tornando uma referência mundial. Seguido de perto pelo México, que disputa com este país o primeiro lugar no ranking mundial da violência urbana. No quesito violência rural, o México ganha do nosso país disparado.

No estado Rio de Janeiro, a guerra civil começou na década de 70, após a conclusão da Ponte Rio-Niterói. Uma obra que mobilizou mais de cinco mil operários, na sua expressiva maioria formada por nordestinos e pessoas procedentes do interior de Minas Gerais que desempregados e sem moradia subiram o morro para continuarem na cidade maravilhosa, muitos deles ingressaram no exército da contravenção que naquele tempo estava sendo formado por criminosos egressos do presidio de Ilha Grande, juntamente com presos políticos e que adquiriram adestramento em guerrilha urbana e a lidar com armas de última geração e um pouco de formação política.

Quem conhece os morros e favelas cariocas percebe facilmente a desigualdade que existe entre quem mora nesses depósitos de gente localizado na cidade alta e quem mora no asfalto. Isso explica um pouco o comportamento de alguém que assalta e mata um ciclista que pratica esporte pedalando uma bicicleta que custa o valor de um carro popular e sai para trabalhar e passear num carrão importado. O assaltante carrega consigo ódio e desprezo por aqueles que o ignora como pessoa e o trata como lixo. Quem vive na zona Sul do Rio se considera superior a quem mora nos morros e favelas da mesma zona sul e dos residentes na zona Norte.

O estado brasileiro ao priorizar as elites e ignorar a plebe ignara, está contribuindo de maneira definitiva para que continue aumentando o fosso social que coloca os pobres contra os ricos ou vice-versa.

Cito o estudo ministrado aos pobres, como o maior fator de desigualdade social neste país, porque quem estuda em escola pública não chega a lugar nenhum. A maioria expressiva de quem ingressa nesse tipo de escola a abandona no fim do ensino fundamental.

As grandes obras que o estado do Rio de Janeiro ganha ao sediar eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e o encontro mundial da juventude é um verdadeiro presente de grego, porque a construção dessas grandes obras repete o efeito da construção da Ponte Rio-Niterói. Isso ai já é assunto para ser tratado como desigualdade regional.

por Joachim Arouche

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