A miséria extrema ou quase absoluta que se verifica
nos grotões do estado do Piauí, ela se reproduz na medida em que a população de
desvalidos e excluídos aumenta - e essa população se torna mais invisível.
Não obstante, a ampliação das políticas sociais do
governo federal nas últimas três décadas, pouca coisa mudou no que se convencionou
de chamar de Brasil profundo ou dos grotões, porque a natalidade nesses lugares
continua aumentando geometricamente e as políticas sociais aritmeticamente. O
que revela um grande descompasso entre as ações do governo e a realidade
existente nessa parte do Brasil que sempre foi ignorada.
As nossas autoridades desconhecem que a produção e a reprodução
das classes marginalizadas e excluídas, envolve a reprodução das condições
pré-existentes. O que só se resolve com políticas que visam produzir cidadania.
O estado do Piauí é um estado com um processo de industrialização
incipiente, com um setor agrícola que engatinha, sem uma infraestrutura que lhe
permita criar as condições necessárias para atrair investidores; é um estado cujo
maior empregador é o próprio estado, vindo em segundo lugar as prefeituras e em
terceiro lugar, o grupo Claudino.
O estado do Piauí que concidentemente foi governado
por um petista, quando Lula era presidente, não foi prestigiado como esperava-se,
por ser este estado, um símbolo do ideal petista, com a população piauiense
votando em massa nos candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT).
O atual governador, o petista Wellington Dias, foi
eleito governador duas vezes na onda da maré Lulista e contribuiu efetivamente
para eleger o seu sucessor, juntamente com a candidata Dilma Rousseff, mas nos
seus dois primeiros mandatos, o estado do Piauí não conseguiu ser agraciado com
nenhuma grande obra ou um grande investimento do governo federal ou da iniciativa
privada.
O estado do Piauí é um filho renegado do país. Em
parte, por culpa do poder central que sempre foi controlado por sulistas, mas a
sua classe dirigente também tem culpa, porque é pouco representativa no
Congresso Nacional e atua junto ao governo de plantão, como quem mendiga
favores.
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