Dom
Francisco Biasin
Bispo de Volta Redonda (RJ)
Bispo de Volta Redonda (RJ)
A sociedade,
as Igrejas e as instituições como um todo estão vivendo uma profunda mudança de
época com transformações rápidas e radicais que atingem a cultura dos povos.
Até poucas décadas atrás uma geração era definida pelo tempo e pela
generatividade: num século contavam-se quatro gerações, uma a cada 25 anos.
Hoje uma geração é definida a partir da mentalidade, da influência exercida
pela cultura sobre os indivíduos e as massas e das tendências sociais sobre o
comportamento humano. Calcula-se que a cada cinco anos haja uma profunda
mudança e que uma geração hoje não passe desse período cronológico.
Outros
fatores sociais, entre os quais a necessidade de segurança, tendem a fixar as
pessoas em idéias ou tendências ideológicas blindadas em si mesmas, deixando
assim de favorecer o diálogo entre as gerações ou entre grupos e promovendo o
fundamentalismo em todas as suas vertentes.
Assistimos
desse modo a confrontos acirrados não só de idéias, mas de pessoas ou de grupos
que querem a todo custo impor a sua visão de mundo, de religião, de Igreja e de
sociedade sobre os outros, sem considerar a primazia da liberdade e da pessoa
humana sobre qualquer sistema e ideologia.
O confronto
entre as gerações, assim como entre grupos ideológica ou religiosamente
definidos, não pode ter como finalidade a subjugação, ou pior ainda, a
eliminação do outro, mas a integração do positivo que há no outro. Não é
correto pensar: “Ou eu ou o nada! Ou o meu grupo ou o deserto!”. Dessa forma a
humanidade está fadada ao suicídio cultural, moral e social!
Portanto é
de se evitar radicalmente toda forma de fundamentalismo, toda postura de ódio
contra quem não pensa e age como eu e o meu grupo. As considerações feitas até
aqui atingem a convivência humana dentro de uma visão equilibrada.
Se nós
partirmos de uma visão cristã, bem mais exigente e sublime será o comportamento
e se tornarão as atitudes: o cristianismo surgiu plural, não monolítico. O
próprio Cristo não se deixou engaiolar na mentalidade excludente dos poderosos
e mestres do seu tempo: deixou as pessoas livres, sem com isso condená-las.
Teve comportamentos diferenciados de acordo com a situação de vida da cada
pessoa e a resposta gradual que ela podia dar. Deu bronca aos discípulos que
queriam atear fogo nos samaritanos que não o tinham aceito em suas cidades. Não
quis impedir que uma pessoa usasse o seu nome para operar o bem, embora não
fazendo parte do grupo dos seus seguidores, afirmando: “Quem não está contra
nós está a nosso favor!”. E diante dos inimigos apelou para o amor: “Amai os
vossos inimigos! Fazei o bem a quem vos persegue!”. Foi assim que Jesus e seus
seguidores conquistaram as pessoas de todas as culturas e dentre todos os
povos, pois o amor tudo vence!
A atitude
que se nos impõe é a atitude do diálogo! Por ele escuta-se e fala-se,
valoriza-se a pessoa antes de suas idéias, instaura-se o vai e vem do positivo
que existe em todos, não prevalece o resultado e as vantagens das tratativas,
mas a paciente espera da maturidade de cada um. O diálogo é o caminho de Deus
com a humanidade: deve ser o nosso caminho para o encontro fecundo com o outro! Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário